Tuesday, November 21, 2006

A BÍBLIA E A TRADIÇÃO são as verdadeiras fontes da Teologia Católica.


As informações relativas aos sacramentos, a mariologia, a sucessão e colegialidade dos bispos, a infalibilidade e primado do papa, à sua organização eclesiástica, ao purgatório e sufrágio(oração pelos) dos mortos, à veneração aos santos e à sucessão apostólica dos bispos não foram, por acaso, incutidas na Doutrina da Igreja Católica, mas estudadas e pesquisadas no modo de vida e nos ensinamentos deixados por Nosso Senhor Jesus Cristo que não estão escritos. Essa fonte diferente é chamada de TRADIÇÃO.

Os Teólogos católicos, segundo o Concilio Tridentino, definem a TRADIÇÃO COMO O CONJUNTO DE DOUTRINAS REVELADAS REFERENTES À FÉ E À MORAL, NÃO CONSIGNADAS NAS ESCRITURAS SA­GRADAS, MAS ORALMENTE TRANSMITIDAS POR DEUS À IGREJA (Sessão IV, de 8 de Abril de 1546, sob o pontificado de Paulo III).

O Concilio Vaticano II, «seguindo os Concílios Tridentino e Vaticano 1º» (Constituição Dogmática «Dei Verbum», promulgada na sessão IV do Concílio Vaticano II, em 18 de Novembro de 1965, sob o pontificado de Paulo VI - § 1), deliberou confirmar a atitude católica perante o alicerce de suas doutrinas.

Realmente no § 9 dessa sua Constituição promulga­da nas vésperas do seu encerramento, se lê: «... A SA­GRADA TRADIÇÃO.., transmite integralmente aos sucessores dos Apóstolos a Palavra de Deus confiada por Cristo Senhor e pelo Espírito Santo aos Apóstolos para que, sob a luz do Espírito de Verdade, eles em sua pregação, fielmente, a conservem, exponham e difundam».

E sob este aspecto que o Concilio Vaticano II lembra: Pela mesma Tradição.., as próprias Sagradas Escrituras são nela cada vez melhor compreendidas e se fazem sem cessar atuantes» (Constituição Dogmática «Dei Verbum — § 8).

Ë evidente que esta Revelação Oral, posteriormente pôde conservar-se e propagar-se por escrito. Essa escrita, distinta das Sagradas Escrituras, encontra-se, por exemplo, nas obras de escritores eclesiásticos do catolicismo primitivo.

São julgadas como um mesmo e integro depósito da Revelação, o Concilio Vaticano II, cumprindo o seu de­sígnio de seguir as pegadas dos Concílios de Trento e Vaticano 1º, exige o mesmo sentimento de reverência e piedade para a Tradição e para a Bíblia: «ambas (Escritu­ra e Tradição) devem ser recebidas e veneradas com igual sentimento de piedade e reverência» (Constituição Dogmática «Dei Verbum» — § 9).

Assim, todo católico, reverentemente, se vale das Escrituras e de suas crenças na Tradição para argumentar as razões de sua fé.

Antes de Moisés nada havia escrito. Deus se revelava lentamente e sua doutrina foi transmitida oralmente. Só muito mais tarde veio a Escritura.
Desde a origem do mundo até Moisés, a primitiva revelação de Deus, verbalmente dada aos homens, foi conservada por sucessão entre os patriarcas e não em escrituras.
Já se vê, que o próprio Moisés, ao escrever o Gênesis precisou abeberar-se na Tradição, esse primeiro e genuíno canal da Revelação Divina.

Foi na Tradição que o autor do Pentateuco colheu informes sobre a criação do mundo e a queda do primeiro homem, sobre a propagação do gênero humano e sua geral corrupção, sobre o dilúvio, os descendentes de Noé e a confusão das línguas, sobre a vocação de Abraão e sua empolgante biografia, sobre Isaque e as peripécias dos filhos de Jacó, sobre José e a ida dos seus irmãos para o Egito. Todos os acontecimentos relatados em Gênesis se de­ram séculos antes de serem escritos por Moisés, o Autor do Pentateuco.

A transmissão oral ou escrita de fatos históricos se constitui não somente da fonte de Revelação Divina, mas também, de pessoas para pessoas, desde o acontecimento até os dias de hoje. Só é possível através da Igreja Católica, pois esta viveu naquele tempo e vive hoje também. Por isso, poder ser a TRADIÇÃO uma fonte somente para esta Igreja, e também ser tão combatida pelas demais “igrejas”, que só surgiram a partir do Século XVI.

As pragas do Egito, a libertação memorável do seu cativeiro, a passagem espetacular do Mar Vermelho, a abundância de maná, o vôo razante das codornizes, o jorrar abundante da água no deserto de Sim, a vitória surpreendente sobre os amalequitas, tudo empolgava os filhos de Israel, quando, exatamente no instante de seu sucesso na campanha dos amalequitas, pela primeira vez, Deus ordena a Moisés: ESCREVE ISTO PARA MEMÓRIA NUM LIVRO» (Ëx. 17:14).

Recorde-se à dificuldade imensa que envolvia a arte de escrever antes da descoberta da imprensa por Gutenberg em meados do século XV. Naqueles remotíssimos tempos o instrumento apto para ensinar e legislar era a palavra oral.

Este veículo do pensamento teve sua ampla aplicação no setor da religião. Compulsando-se a História das religiões mais antigas, verifica-se que elas dependiam de um patrimônio doutrinário transmitido de geração a ge­ração por via meramente oral. Em certos sistemas religiosos os fiéis se negaram sempre a escrever alguns dos seus preceitos mais caros.
Ë de se observar, por exemplo, a fórmula freqüentíssima: «Eu ouvi... » adotada na primitiva religião chinesa, da qual procedem o taoísmo e o confucionismo.

Chama a atenção para o nosso caso ainda mais a circunstância assaz agravante de estar o povo de Israel acampado no deserto, com dificuldades humanamente instransponíveis para executar a arte da escrita.

Anteriormente, Deus se revelara a pessoas individuais. A Adão e Eva. A Noé. A Abraão. A Jacó. Falava-lhes! Interferiu em acontecimentos!.
Acampou-se o povo ao sopé do Monte de Sinai em circunstanciais solidíssimas. «Todo o Monte do Sinal fumegava, porque o Senhor descera sobre ele em fogo; a sua fumaça subiu como a fumaça de uma fornalha, e todo o monte tremia grandemente» (Ëx. 19:18). E «Deus falou... » Ëx. 20:1). Proferiu o Seu Decálogo. Apresentou as Suas Leis acerca dos servos, dos homicidas, da propriedade, da imoralidade, da idolatria, dos que amaldiçoam os pais ou ferem qualquer pessoa, do testemunho falso e das injustiças, do descanso e das três festas. Não se limitou Moisés relatá-las ao seu povo (Ex. 24:3), mas, «escreveu todas as palavras do Senhor» (Ëx. 24:4).

Cristo nunca mandou escrever seus ensinos e mandamentos e nada deixou escrito. Aos Apóstolos apenas determinou pregassem pelo mundo como testemunhas dele e da doutrina por eles aceita e proclamada.

«Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-­os a guardar todas as cousas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século» (Mt. 28:18-20).

O verso 25 do capitulo 21 do Evangelho segundo João: «Há, porém, ainda muitas outras coisas que Jesus fez. Se todas elas fossem relatadas uma por uma, creio eu que nem no mundo inteiro caberiam os livros que seriam escritos».

A Igreja católica segue estritamente as Sagradas Escrituras, quando, assim quer o Senhor: «Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em Seu Nome»; e segue também as tradições, quando, assim Ele ordena: «... e, a medida que seguirdes, pregai que está próximo o reino dos céus» (Mt. 10:7).

Os três primeiros versículos do capítulo 1 de Lucas: «Visto que muitos houve que empreenderam uma narração coordenada dos fatos que entre nós se realizaram, conforme nos transmitiram os que desde o principio foram deles testemunhas oculares, e ministros da palavra, igualmente a mim me pareceu bem, depois de acurada investigação de tudo desde sua origem, dar-te por escrito, excelentíssimo Teófilo, uma exposição em urdem».

Lucas antes de escrever obteve informações minuciosas de tudo junto das testemunhas presenciais dos fatos sobre os quais se dispõe escrever.
Lucas foi, como Moisés ao escrever Gênesis, instruir-se na Tradição!
O Evangelho segundo Lucas é simplesmente produto da Tradição, a mais antiga, a mais completa Fonte de Revelação. A própria Fonte da Bíblia!

Dos vinte e sete livros do Novo Testamento cinco procedem da pena divinamente inspirada do Apóstolo João.
«Eu, A Todo Aquele Que Ouve As Palavras Da Profecia Deste Livro, Testifico: Se Al­guëm Lhes Fizer Qualquer Acrëscimo, Deus Lhe Acrescentará Os Flagelos Escritos Neste Livro; E Se Alguëm Tirar Qualquer Cousa Das Palavras Do Livro Desta Profe­cia, Deus Tirará A Sua Parte Da Árvore Da Vida, Da Cidade Santa, E Das Cousas Que Se Acham Escritas Neste Livro». (Apoc. 22:18-19).

A Tradição não veio para “fazer Qualquer Acrëscimo” ou para “Tirar Qualquer Cousa Das Palavras Do Livro Desta Profe­cia”, mas para nos possibilitar um melhor entendimento da própria Bíblia, através de ensinamentos que nos foram passados oralmente pelos apóstolos.

A dogmática católica apresenta esta passagem bíblica extraída de Paulo: Assim, pois, Irmãos, permanecei firmes e guardai as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa (2 Tes. 2:15). Os Apóstolos não nos transmitiram tudo por escrito; uma grande parte do seu ensino foi oral que nos chegou pela Tradição através dos séculos.

Só a Igreja Católica Apostólica Romana, através do Santo Papa, tem legitimidade para, através de sua existência, validar as dogmáticas de sua Tradição. Qualquer interpretação fora da Santa Igreja corre sério risco. «Invalidastes a Palavra de Deus, por causa da vossa Tradição» (Mt. 15:6), recriminava Ele aos fariseus. «E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens» (Mt. 15:9)

Paulo, portanto, depois de prevenir os tessalonicenses contra os deturpadores do Evangelho, inculca-lhes a necessidade de se manterem firmes nas doutrinas por ele ensinadas através também das suas pregações.
Seu curto ministério nessa localidade, porém, permitiu-lhe disputar numa sinagoga dos judeus sobre as Escrituras, pelo que alguns deles creram e se organizaram em igreja (Atos 17:1-4; e 2 Tes. 1:1).

Ao se referir Paulo aos seus ensinamentos por pa­lavra não quer isto dizer que se constituíam eles em ensinamentos diferentes dos escritos em suas cartas. Tanto assim que, desejando prevenir os Cristãos contra as investidas de Satanás, adverte energicamente: «caso alguém não preste obediência à nossa palavra dada por esta epístola, notai-o; nem vos associeis com ele, para que fique envergonhado» (2 Tes. 3:14)

Acresce outra observação de máximo destaque é que Paulo, como Apóstolo, era órgão oficial, divinamente inspirado, da Revelação Bíblica que durou até a morte de João, o Apóstolo. Por conseguinte e não implicando isto que sua pregação oral era diversa de sua pregação nas epístolas, pelo fato de ser a pregação de Paulo instrumento da Revelação de Deus aos homens, não se há de concluir que outros gozem desta mesma missão e sua palavra também seja inspirada até quando expõem dou­trinas contrárias às Escrituras.

As recomendações de Paulo a Timóteo: .. . sei em quem tenho crido, e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele dia. Mantém o padrão das sãs palavras que de mim ouviste com fé e com o amor que está em Cristo Jesus. Guarda o bom depósito, mediante o Espírito Santo que habita em nós» (2 Tim. 1:12-14).
Ó Timóteo, guarda o depósito que te foi confiado, tem horror aos clamores vãos e profanos e às obrigações da falsamente chamada ciência; a qual professando-a alguns, se desviaram da fé (1 Tim. 6:20 e 21).

...Guarda o bom depósito, mediante o Espírito Santo que habita em nós (2 Tim. 1:14).


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